Por que o uso excessivo de diminutivos pode atrapalhar o desenvolvimento do seu filho

É muito comum vermos adultos mudarem completamente a voz e o vocabulário quando se dirigem a uma criança. quase que automaticamente, as palavras ganham terminologia no diminutivo e o tom de voz se torna mais agudo. frases como “vamos comer a papinha” ou “olha o passarinho” parecem demonstrações inofensivas de carinho, mas você já parou para pensar no impacto real que isso tem na formação dos pequenos?

embora a intenção dos pais seja, na maioria das vezes, demonstrar afeto e proximidade, o uso constante de diminutivos pode criar ruídos na comunicação. para ajudar você a entender melhor essa dinâmica, reunimos cinco motivos pelos quais vale a pena repensar essa forma de diálogo.

1. a percepção de incapacidade

o primeiro ponto a considerar é a mensagem implícita que enviamos. quando usamos palavras no diminutivo, podemos estar transmitindo, sem querer, a ideia de que a criança é “pequena” não apenas no tamanho, mas na capacidade de compreensão. ninguém gosta de se sentir subestimado, e com as crianças não é diferente. conversar de igual para igual, respeitando o nível de entendimento delas, gera muito mais confiança.

2. a criação de uma linguagem paralela

ao inventar termos como “mimi” para dormir ou “papá” para comida, estamos criando um trabalho dobrado para o cérebro infantil. a criança precisará aprender a “língua da mãe” e, depois, a língua correta falada pelo resto do mundo. falar corretamente desde o início facilita o processo de aprendizado e evita confusões desnecessárias na cabeça do seu filho.

3. o risco de problemas na fala

as crianças funcionam como esponjas que absorvem o ambiente ao redor. se os pais, que são os principais modelos de comportamento, falam errado ou usam uma pronúncia infantilizada, a tendência é que os filhos copiem esse padrão. em muitos casos clínicos, problemas de dicção nas crianças — como a troca de letras — são apenas reflexos do modo como os próprios adultos conversam com elas em casa.

4. o desinteresse pela comunicação

ao contrário do que muitos pensam, as crianças adoram desafios. nos meus anos de experiência com educação, percebi que elas sentem um orgulho imenso quando conseguem pronunciar palavras difíceis ou novas. simplificar demais o discurso, usando apenas diminutivos, pode tornar a conversa desinteressante e monótona para elas, que estão ávidas por descobrir o mundo.

5. a construção da autoestima

tratar a criança com uma linguagem adequada é uma forma de respeito. elas se sentem mais valorizadas e “grandes” quando os adultos conversam com elas com seriedade e clareza. isso não significa ser frio ou distante, mas sim oferecer um tratamento mais nobre, que reconhece a criança como um indivíduo pensante e capaz.

o caminho para uma comunicação melhor

eliminar os diminutivos não significa eliminar o carinho. pelo contrário, significa oferecer ao seu filho a melhor ferramenta de conexão que existe: uma comunicação clara e respeitosa. ao ajustar a forma como falamos, preparamos nossas crianças para se comunicarem melhor com o mundo, com mais segurança e deferência. experimente falar normalmente com seu filho e observe como a resposta dele será surpreendentemente positiva.

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